Como você descreveria 2024? “Brain rot”

Como você descreveria 2024? “Brain rot”

A cada ano, a Editora da Universidade de Oxford, que publica o “Oxford English Dictionary”, seleciona uma “palavra do ano” que reflete os temas predominantes e as discussões dos últimos doze meses. Para 2024, a escolhida foi “brain rot”. Em inglês, “brain” significa “cérebro”, e “rot”, “apodrecimento”. Portanto, “brain rot” descreve a deterioração mental que, segundo observações, as redes sociais podem causar em nossos cérebros.

Eu lembro muito bem uma tarde, eu estava dando uma volta na escola com uma amiga no recreio, e notamos vários alunos do ensino fundamental absortos em seus celulares. Com pescoços curvados e olhos fixos nas telas, a cena tinha um quê de distópico. Eu e minha amiga comentamos como nessa idade, fingíamos que éramos sereias, que tínhamos super-poderes, jogávamos futebol. Vi nessa tarde que o celular estava mudando o conceito de “Infância”. A tela virou uma realidade paralela que suga a gente pra dentro de um vazio. 

Além de nos alienar do mundo real, o uso compulsivo das mídias sociais pode ter efeitos duradouros em nossos cérebros. Especificamente, pode alterar permanentemente a estrutura cerebral, afetando principalmente os jovens com menos de 30 anos. Uma área cerebral chamada córtex pré-frontal, que é crucial para dirigir nossa atenção conforme nossos objetivos, é a última a se desenvolver e só amadurece por volta dos 30 anos. Até lá, jovens que se tornam mais ansiosos vendo pessoas mais magras e felizes no Instagram, ou se comparando com influenciadores no TikTok, tem muita dificuldade para conseguir escolher parar de direcionar sua atenção para as mídias. Assim, apesar de fazer mal para a gente, continuamos neste ciclo. Nosso sono piora (por conta da quantidade de luz azul que vem da tela), não fazemos atividades físicas, não interagimos socialmente.

Em um esforço pessoal para prevenir “brain rot”, tomei a iniciativa de deletar o TikTok e limitar meu tempo de uso do Instagram. Seja qual for sua plataforma mais viciante, desapegue-se dela. Como diria o personagem principal no filme Curtindo a Vida Adoidado, “A vida passa bem rápido. Se você não parar e olhar ao redor de vez em quando, pode acabar deixando ela escapar.” A hora de parar e olhar ao redor é sempre agora. Vamos priorizar o presente. 

Bia de Oliveira Abram é uma estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Com interesses por Inteligência Artificial e escrita, é colunista no jornal nacional TINO, direcionado para jovens. Em seu tempo livre, gosta de ler, tocar violão e correr.

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