Mulheres e dinheiro: ampliando horizontes e conquistando autonomia

Mulheres e dinheiro: ampliando horizontes e conquistando autonomia

Eu sou a filha da Lixeira que se tornou referência em Educação Financeira. Também me tornei agente de transformação e continuo sendo “gente da gente”. Cresci ouvindo: “Isso não é para ti”, em relação aos meus grandes sonhos, para uma menina pobre e negra. Desde muito cedo, aprendi a não ter medo do “não”, a silenciar a impostora e a superar desafios, porque queria viver além de apenas sobreviver.

Tudo isso faz com que este artigo, entre tantos que já escrevi, seja muito especial. Com ele, encerro março, o Mês da Mulher, reforçando a importância da independência financeira feminina. Falar sobre dinheiro é falar sobre escolhas, liberdade e poder de decisão.

Ao longo dos anos, vimos avanços significativos na gestão de gênero, mas ainda há desafios a serem superados. O objetivo aqui é trazer dados, reflexões e, acima de tudo, inspiração para que mais mulheres assumam o protagonismo de suas finanças.

Dinheiro como ferramenta de liberdade

O dinheiro sempre foi um instrumento de poder. Mas mais do que cifras, ele representa escolhas. Quando uma mulher aprende a investir, ela não está apenas aumentando seu patrimônio – está ganhando autonomia. Ela pode planejar seu futuro, garantir segurança para sua família e impulsionar mudanças em sua comunidade.

E essa consciência vem crescendo. Hoje, cada vez mais mulheres se unem para discutir investimentos, planejar suas finanças e construir caminhos de independência econômica. Redes de apoio e comunidades de investidoras se fortalecem, mostrando que a jornada financeira feminina está apenas começando.

Nos últimos anos, minha trajetória me levou a me tornar referência em educação financeira, sendo reconhecida em matérias como a da Marie Claire e listada entre as 10 mulheres que revolucionaram o universo das finanças pelo Banco PAN em 2023.

Esses reconhecimentos não representam apenas uma conquista individual, mas a prova de que cada passo dado por uma mulher nesse setor, abre caminho para tantas outras. Acredito demais que o caminho para o crescimento feminino é traçado em conjunto!

Uma história de desafios e transformação

A trajetória da mulher no mundo das finanças é recente e repleta de desafios. Apenas em 1962 conquistamos o direito de ter um CPF próprio, e só em 1974 as mulheres puderam obter um cartão de crédito sem a autorização de um homem. Por muito tempo, a narrativa dominante foi de que dinheiro não era “assunto para mulher” e que o mercado de investimentos era um território masculino.

Porém, essa realidade está mudando. Com acesso à informação e apoio mútuo, as mulheres vêm ressignificando seu papel no universo financeiro, mostrando que podem e devem ser protagonistas de sua independência econômica.

A ascensão feminina no mundo dos investimentos

Os números evidenciam essa transformação. Segundo o Raio X do Investidor da ANBIMA, a proporção de mulheres investidoras passou de 28% em 2021 para 35% em 2023. Além disso, dados da B3 revelam que, em média, as mulheres iniciam seus investimentos com R$ 300, enquanto os homens entram com R$ 141. Isso demonstra um comportamento mais planejado e estratégico das investidoras.

Entretanto, os desafios persistem. No Brasil, as mulheres ainda recebem em média 20% a menos do que os homens nos mesmos cargos, de acordo com a consultoria Mercer. Além disso, apenas 17% dos CEOs das maiores empresas do país são mulheres (B3). Essa desigualdade reflete não apenas na remuneração, mas também na capacidade de poupança e investimento.

Diversidade e resultado: um caminho sem volta

As empresas já perceberam que diversidade de gênero não é apenas uma questão social, mas também um diferencial competitivo. Estudos da McKinsey & Company indicam que companhias com maior diversidade em cargos de liderança são 21% mais propensas a obter lucratividade acima da média. Da mesma forma, a MIT Technology Review aponta que um aumento de 1% na diversidade de gênero nos conselhos diretivos pode resultar em um crescimento de 5,1% na rentabilidade sobre ativos (ROA).

Ou seja, não há mais espaço para retrocessos: a inclusão financeira e a presença feminina no mercado são avanços irreversíveis.

O futuro das finanças também é feminino

Ratifico que não se trata de guerra de sexos. A revolução feminina nas finanças não precisa ser ruidosa para ser transformadora. Ela acontece todos os dias, nas escolhas que fazemos e nos desafios que superamos. A nova geração de mulheres já cresce em um cenário diferente, com acesso à informação e redes de apoio que as encorajam a assumir o controle de suas finanças.

No fim das contas, a maior conquista feminina não é apenas poder trabalhar, votar ou investir. É poder escolher.

E toda vez que uma mulher investe em si mesma, ela está investindo no futuro de todas nós!

Dirlene Silva

Dirlene Silva

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Economista, Mestre em Gestão e Negócios, Consultora de Inteligência Financeira, Coach e Mentora
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