Pense em uma pessoa curiosa, sonhadora que gosta de aprender e compartilhar essas experiências. Prazer, eu sou a Kely Pereira ou kelynha, como minha avó e meu marido me chamam. Sou a neta mais velha da Vó Palmyra, a filha mais velha do Luís e da Georgia, irmã do Rodrigo e do Rafael, casada com o Adão e mãe do meu maior tesouro, o Adam.
Meus pais contam que tiveram uma vida muito desafiadora, pois após o casamento meu pai perdeu o emprego, e foram anos muitos desafiadores, não me lembro deste período.
Aos 6 anos de idade entrei para o movimento escoteiro e desde então já desejava ser líder (apesar de não ter noção da palavra liderança) O movimento escoteiro me proporcionou muitos aprendizados, muita disciplina. Meu primeiro acantonamento (base de apoio ou local de abrigo e alimentação da tropa) foi no hospital da Baleia (na época desativado), e meu chefe mandou passar na falsa baiana (o deslocamento de um lado a outro percorrendo duas cordas, uma segurando e outra caminhando), eu chorei muitooo e não passei, um verdadeiro desafio. Os anos se passaram e eu continuei no movimento, eu sempre adorei acampar, os jogos noturnos, os desafios, sempre gostei da CAV – ciclos de aprendizagens vivenciais. Sempre amei estar com pessoas e ajudá-las, também me aventurava nas vendas, uma empreendedora sem saber.
Os anos se passaram e meu irmão mais novo ia pra escola mas ficava chorando, eu fiquei tantos dias com ele que a diretora acabou me convidando para ser estagiaria na escola. Eu amei, e ali se materializou meu sonho de ser professora, lembro do tanto que brincava de ter escolinha. Lembro até de uma redação que fiz na escola sobre o que eu faria se fosse presidente, coloquei que colocaria um helicóptero a disposição dos escoteiros para conhecer o pico do Itacolomy em Ouro Preto e cuidaria da Educação.
Com isto a educação não saiu mais da minha mente e do meu coração, resolvi fazer magistério e no primeiro estágio formal, minha primeira frustração, eu achava que cada aluno me daria uma linda maçã vermelha, mas a realidade era outra, os meninos não tinham a menor condição de me dar essa maçã, mas aí veio meu primeiro grande aprendizado, eles me proporcionam infinitas possibilidades de aprendizados com a realidade deles, este estágio, mudaria a minha vida para sempre.
Fui fazer pedagogia e no primeiro encontro com o reitor uma fala que me impactou profundamente. A cada 200 tentativas no curso de Pedagogia 50 passam, dessas 30 terminam, dessas, 2 são bem-sucedidas, e neste momento me senti desafiada a me tornar uma dessas bem sucedidas e fiz um recorte do que seria o sucesso para mim. Me tornar Assessora Pedagógica desta instituição, ainda aluna, sem a menor condição de ver essa realidade, mas criei uma trilha (que na época não imaginava ter toda essa metodologia) Presença, Influencia, Estratégia, Engajamento e Experiências.
Algumas pessoas diziam que eu seria frustrada com a Pedagogia, pois a remuneração era baixa e meus sonhos grandes demais e eu não teria os retornos desejados. Decidi aproveitar todas as oportunidades que aparecessem, e me posicionei de forma diferente dos demais, um tipo “a la Kely”. Optei por largar meu emprego e investir no estágio da pedagogia, conhecendo todas as disciplinas e estruturas curriculares da instituição, depois sendo estagiária no EAD.
Uma semana antes da minha colação de grau, fui uma das selecionadas e contratada como instrucional designer, uma profissão que só foi regulamentada em 2015, mas tive a oportunidade de trabalhar com EAD desde a criação da legislação para o ensino superior dos 20% do EAD. Primeira etapa concluída, entrei para instituição. Próxima etapa, era fazer Especialização para me tornar assessora. Participei de 2 processos dentro da instituição, mas não fui a escolhida, eu ficava arrasada.
Tive então a oportunidade de viajar pela 1ª vez para São Paulo de avião e ficar num flat (um dos meus sonhos, eu achava muito chique a consultora falar que ficava em um flat) essa viagem mais parecia meu prêmio consolação, mas o melhor estava por vir. Quando retornei da viagem, em uma reunião da faculdade a Pró-reitora, anunciou minha promoção. Exatamente como desejava o anúncio. Quanta comemoração, dos meus colegas de trabalho que sabiam do meu sonho e na minha casa, champanhe, comemoração e realização da minha família que sonhou junto comigo.
O sonho se tornou um pesadelo, muitos desafios, pois eu acabei indo para pós-graduação e não graduação, muito choro, desqualificação permanente, uma lista de competências que eu achava que tinha, mas minha chefe dizia que eu não tinha, como liderança, comunicação, gestão do tempo, prioridade, fazer eventos, eu só tinha uma coisa boa, era prestativa.
Um dia nesse mar de lágrimas um coordenador me disse: “Kely, se o bom passa, o ruim também passa. Aprenda com tudo o que está te acontecendo”. E de fato passou, fui me conhecer, e amadureci em um ano, 10 anos. Talvez por isso eu goste tanto do slogan da campanha de Juscelino Kubitschek – JK 50 anos em 5. Comecei a aplicar em minha vida.
Neste movimento todo, deixei para trás a crença limitante de fazer mestrado e me adentrei neste mundo, o que contribuiu para ser chamada a assumir um cargo de coordenadora pedagógica da EAD em uma outra instituição renomada da saúde. Foi um outro salto gigantesco na minha vida, nunca imaginei que eu pudesse ir tão além e não parou aí, para minha surpresa, fui convidada a assumir outro cargo e achei que não era capaz e um processo de coaching me ajudou muito, um divisor de águas na minha vida.
Me tornaria a primeira mulher negra, pedagoga, a assumir o cargo de Diretora acadêmica da pós-graduação em uma Faculdade de medicina com 70 anos. Meus maiores desafios na instituição era montar uma equipe de alta performance, gerir o projeto para minimizar a mortalidade materna e infantil no estado de MG, redescobrir a Kely na essência, sua liderança, no que realmente acreditava e saber que poderia ir muito mais além.
Com todo esse processo eu sonhava em ganhar uma medalha, mas ela não chegou, o que chegou foi o momento de redesenhar a rota da minha vida, após uma demissão que me fez perceber o quanto eu desejo ajudar mulheres que como eu não achavam que poderiam estar em altos cargos, pois na época, eu não tive mentoria específica para este desenvolvimento, eu literalmente segui minha intuição, tinha uma equipe e família que me apoiavam muito e eu literalmente seguia meu coração e, nas grandes decisões, me apoiava aos dados. Com a equipe, criamos uma máxima de ser a primeira instituição de aprendizagem em Marte e no dia que tive que sair da “nave”, foi muito difícil para mim, mas ao longo do tempo, percebi que era só uma questão logística, estou no mesmo trajeto, só que em naves diferentes.
Comecei a empreender formalmente em 2012. Em 2016 abrimos o Instituto Attraversiamo, em 2019, o Instituto Kely Pereira, que depois se tornou a Sociedade Brasileira de Aprendizagem Experiencial – Sbael, que tem me proporcionado trabalhar com consultoria educacional, criando unidade de negócios, credenciamento de faculdades, elaboração de cursos e treinamentos. Nosso slongan é “A paixão pela aprendizagem e por resultados é o que nos move”.
Além disso, mentoro mulheres maravilhosas, que como eu, não acreditavam que era possível atingir altos cargos. Tenho mostrado como a política corporativa e as estratégias precisam fazer parte deste processo de desenvolvimento. Em 2018 tive a oportunidade de ministrar vários cursos de liderança, em 2019 este número dobrou e de lá pra cá, estou impressionada com o impacto deste movimento e das mulheres que tenho acompanhado. Também descobri a potência do Linkedin e as conexões que ele me proporcionou.
Descobri que muito mais importante do que como chegar lá, é saber porque estar lá. Ter vez e voz para atingirmos cada vez mais pessoas neste processo de equidade de gênero. Empreender também é desafiador, mas quando você se une a pessoas que também estão dispostas a crescer e a se desenvolver, a jornada fica mais leve.
2023 é um ano que promete, meu livro que está pronto, será desengavetado e lançado ao mundo, com o desejo que mais mulheres tenham a oportunidade de reconhecer a sua voz e utilizá-la para um bem maior. Enquanto isto, junte-se a nós no “Um passo a frente, Marte e Logo ali”.
Acredite nas suas #infinitas possibilidades.
*Obs.: Família, obrigada por compartilharem meu sonho e me ajudar a realizá-lo. Amo vocês! E a cada um de vocês que me ajuda a escrever a minha história, dia após dia. Ao grupo de Mulheres que me ajudou nesta jornada de me reencontrar com minha potência para compartilhar com outras potencias, minha eterna gratidão. Eu estou aqui e vejo você.
Kely Pereira
Kenia
2 anos atrásTexto inspirador!
ANA PAULA MARÇAL FORTUNATO
2 anos atrásEssa Kelynha… também é conhecida como FURACÃO KELLY, está sempre me desafiando e quanto mais leio sobre ela, mais me encanto!
Louize Ferreira Carioca
2 anos atrásAmei a sua história, Kely. Inspiração!
Cassiane Brum
2 anos atrásQue inspirador esse relato da Kely Pereira. Que jornada incrível. Me senti inspirada com a leitura a não desistir dos meus sonhos. Gratidão enorme
Adriane Lima
2 anos atrásUma história de vida inspiradora!!! Conhecer a trajetória, os desafios e as conquistas de uma mulher como a Kely, nos faz acreditar em nosso potencial e na realização de nossos projetos. Obrigada 💗