Você já ouviu a expressão pink tax ou imposto rosa? O imposto rosa, na verdade não é um imposto propriamente dito, mas é um ônus que faz com que ser mulher custe financeiramente (além de psicologicamente) ainda mais caro.
Não entendeu? Calma, eu explico! As mulheres pagam um adicional ao valor original dos produtos e também mais impostos simplesmente para ter produtos com a aparência mais feminina, geralmente nas cores rosa ou lilás. É o chamado imposto rosa ou taxa rosa.
Ou seja, não é uma obrigação que devemos pagar como ocorre com IPTU, IPVA e outros impostos. O termo imposto rosa vem do inglês pink tax e é uma expressão usada para se referir ao fato de que os produtos ditos femininos são bem mais caros que os masculinos e possuem carga tributária elevada por serem considerados bens supérfluos.
Os produtos considerados femininos variam desde maquiagens, roupas, acessórios, calçados até os produtos que são considerados masculinos e que ganham uma versão cor de rosa ou lilás para seduzir o público feminino. Um exemplo comum são as lâminas de barbear. O mesmo produto, da mesma marca nas cores tradicionais azul ou preto custa R$ 5,60. Já aparelho nas cores rosa ou lilás e com o nome de aparelho de depilar custa R$ 7,00. Ou seja, 25% a mais. Este foi apenas um caso real. Entretanto, em outros produtos a variação de preço é tão grande que pode custar até o dobro do valor.
Esta diferença já vem desde a infância. As roupas e os brinquedos de menina são sempre mais caros que dos meninos, em torno de 30% a mais em média. Quem possui filhos de ambos os gêneros, certamente já percebeu esta diferença, pois a comparação é instantânea.
E assim, conforme as crianças crescem as diferenças vão aumentando na mesma proporção das necessidades. A carga tributária dos produtos femininos são, em média 40% maiores que dos produtos masculinos. A tributação sobre o absorvente que é um bem de primeira necessidade para as mulheres é, em média 34,48%. Os produtos de higiene pessoal, como shampoos e condicionadores, têm custo até 48% maior do que os ofertados aos homens.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de cosméticos do mundo. A carga tributária para cosméticos nacionais fica em torno de 51,41% e dos importados 69,50%. Isto é, quase 70%. Veja, se você comprou R$ 100,00 em cosméticos importados, significa que R$ 70,00 vão para os cofres públicos.
Os argumentos das empresas estes produtos diferenciados para o público feminino é a ideia de inclusão. Mas, será verdade? Será que o esforço para produzir um produto azul ou rosa não é o mesmo?
Enfim, avanços ocorreram, mas ainda vivemos em uma sociedade primordialmente patriarcal, construída por homens para homens. A ideia deste artigo não é, de maneira alguma dizer que você não deve consumir, mas sim trazer informação, pois acredito que o conhecimento transforma as pessoas que vão mudar o mundo e, por isto defendo que o consumo seja mais consciente.
Para este consumo consciente, minhas dicas são:
Reflita
Refletir se a cor rosa ou lilás vai alterar a funcionalidade do produto e se a cor realmente faz diferença para você.
A regra dos 3 P’s
Utilizar a regra dos 3 P’s (Primeiro P – Por que comprar? Avalia o motivo da compra (necessidade) e utilidade; Segundo P – Preciso? Avalia a urgência (preciso agora?) e Terceiro e último P – Posso pagar? Avalia a capacidade de pagamento, mas significa pagar sem sacrifícios – pagar sem utilizar o limite da conta, rotativo do cartão de crédito ou adiar algum sonho ou projeto).
Questione seus hábitos
Questionar seus hábitos financeiros que em resumo é questionar os padrões sociais, analisando como as regras da sociedade impactam em sua vida financeira. Por que comprar um batom importado que custa R$ 200,00 quando há um similar nacional que também é de ótima qualidade, custando R$ 49,90?
Nós, mulheres já avançamos muito em relação a direitos e espaços no ambiente corporativo e na sociedade em geral, mas ainda há muito a avançar. Para isto, acredito no poder da sororidade e sobretudo que “o caminho para o crescimento feminino é traçado em conjunto”. Pense bem… a crença de que mulher não é amiga de mulher, você acha que foi criada por quem e para que?
Conte comigo! Me siga nas redes sociais e me conte o que você pensa a respeito.
Até o próximo artigo…
UBUNTU!
*Obs.: Artigo originalmente publicado no Blog Amigo do Dinheiro do Banco Pan.
Dirlene Silva
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Economista, Mestre em Gestão e Negócios, Consultora de Inteligência Financeira, Coach e Mentora
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